Eu confesso. Eu realmente confesso que lá no fundo, bem no fundo, eu sou uma sentimental.
Na verdade não tanto quando o que o Los Hermanos canta, sabe? Existem pessoas muito mais sentimentais que eu. Mas eu tenho um coração (diferentemente do que muitos falam sobre aquarianx, somos pessoas detentoras de coração e de sentimentos).
A questão toda é que as vezes amar não é o bastante. As pessoas querem mesmo é demonstração em público, é beijo no meio da praça, é declaração de amor no facebook. Ok, isso pode ser legal pra algumas pessoas, tem até quem goste. Só que outras muitas vezes não se sentem à vontade. Falta de amor? Não sei, acho que é mais de cada pessoa.
Uma vez conheci um rapaz naquele famoso aplicativo chamado Tinder (que até hoje nunca funcionou pra mim). Foi em uma sexta, estava saindo com umas amigas pra uma festinha aqui e ele me deu match e falou comigo (ou eu falei com ele?). E então conversamos o sábado inteiro sobre qualquer coisa. Ele parecia ser uma pessoa muito bacana. Continuamos conversando na semana e ele, embora tivesse alguns pesamentos diferente dos meus, não demonstrava ser algo alarmante para ser problema. Afinal, eu sou a pessoa mais enjoada para conhecer pessoas. Não que eu seja antipática, mas existe algo que sempre prezo que é a liberdade. Seja em relacionamento, seja em amizade. E a questão massa é que aprendi isso com o tempo.
Então ok, marcamos um primeiro encontro em um shopping. Eu, particularmente, detesto shoppings. Eu sou daquelas de amar praia, centros históricos, barzinhos, parques ou praças. Sair por aí pela cidade explorar lugares ou sentar em uma mesa de bar e conversar horas a fio. Mas então fomos para o shopping e eu o conheci. Conversamos bastante, comemos, foi divertido. Parecia que existia um feeling. Porém por trás daquilo não me sentia à vontade. Sentia que as vezes ele reproduzia muita coisa que não achava legal. Porém podia ser uma primeira impressão. Uma impressão errada, quem sabe. Resolvi parar de tentar se noiada e aproveitar.
Então dois dias depois o rapaz achou meu twitter e começou a me cobrar sobre as coisas que escrevia lá. Me stalkeou até dizer chega e eu me achei invadida. Não por ele ter olhado. O meu perfil é aberto pra quem quiser ver, mas é algo que ninguém pode ta me cobrando, cagando regra em minha vida, não é mesmo? Afinal, eu quem sou dona do meu narizinho, certo? Eu fiquei com muita raiva e decidi acabar com aquela palhaçada logo. Logo eu, a pessoa que prega o super individualismo, estar envolvida com alguém que mal conhecia e ainda recebendo cobranças infundadas. Mas daí meia hora ele pediu desculpas e que exagerou. Eu então desculpei e, sinceramente, não sei o por quê até hoje.
Então tivemos um segundo encontro e então ele me pediu em namoro. Ok. Eu não sei o que estava acontecendo com minha cabeça. Mas eu aceitei.
Eu sabia que daria merda.
Eu sabia que ia me arrepender.
Eu nem CONHECIA o cara.
E ele estava provando cada vez mais que era bem possessivo e ciumento. E eu realmente detesto essas duas coisas.
Pois bem, aceitei namorar com esse rapaz. Mesmo sem gostar pra valer dele. Eu aceitei por um motivo que ainda me pergunto até hoje. Talvez fosse carência. Eu havia saído de um relacionamento de dois anos havia pouquíssimo tempo. Então depois ele queria colocar relacionamento sério no facebook, queria colocar fotos, queria mostrar pra todo mundo. Dizia que as pessoas tinha inveja do nosso "relacionamento" porque a gente vivia brigando. Brigávamos direto, quase todo dia por causa do meu "jeito".
Então os dias seguintes foram a ruína daquilo que eu sabia que aconteceria. Eu queria gostar dele, porém ele muitas vezes era machista, falava das exs namoradas de forma grotesca e achava ruim eu falar sobre relacionamentos passados. Ele podia ter todas as meninas que ele queria no facebook (sério, eu nunca nem me importei) mas ele queria que eu não tivesse contato com as pessoas que havia tido algo. Tive que me podar no twitter pois agora ele tinha uma conta onde ele me stalkeava direto. Ele pesquisou tudo da minha vida. Ele foi no instagram de um amigo meu de infância e olhou todas as fotos pra saber se eu havia comentado E O QUE eu tinha comentado nas fotos dele. Pedia satisfação de comentário de antes de conhece-lo.
Eu tinha medo de falar algo que ele se sentisse ofendido. Ele fez um escândalo uma vez que disse que ia sair com uma amiga por que ele queria sair comigo. Ele então queria me mudar. Queria me "ensinar a namorar". Não gostava do meu jeito livre e sem ciumes. Passou a querer que eu fosse outra pessoa. E isso tudo em menos de um mês.
Terminei com ele pois me sentia extremamente infeliz e pressionada. Ele chorou (não tinha nem um mês de namoro) feito criança e eu então disse: ok, mas vamos devagar. Sem namoro. Vamos nos conhecer. Então no dia seguinte saímos e ele tava todo amor comigo. Porém ele disse que não gostava da minha saia e pediu para que eu não a usasse mais.
Então foi aí que vi que não daria certo. Ele era possessivo e eu não era submissa. E eu realmente não acreditava que haveria consenso naquilo. E então eu terminei de vez. E tive que ouvir que eu era a pessoa mais fria que ele havia conhecido.
Eu não o amava. Eu me senti aliviada por ter acabado com aquilo.
Então eu comecei a refletir sobre esse imediatismo que temos nos relacionamentos. Tudo tem que ser rápido. Instalar um aplicativo, se for legal passa logo o whatsapp, se a conversa fluir bacana, marca encontro, se o encontro for legal namora logo. Pra quê isso? A gente vive em um tempo onde tudo é rápido pra caramba, mas pra quê submeter sentimentos a isso também? Eu não consigo entender como você coloca alguém em seu timing louco. Todos queremos o quê? Um amor pra vida inteira? Então porque fazemos as coisas de forma errada e afobada? Por que então nos sabotamos com relacionamentos superficiais pra poder depois só então encontrar alguém "legal" pra casar e ter filhos?
Se acalmem! Vivam etapas!
Vivam como se a vida de vocês não fosse acabar amanhã. A pessoa que está ali também tem uma história, dê lugar pra ela respirar. Respeite espaços, conheça, saiba sua comida favorita, compartilhe seu gosto musical, compartilhe vida. Então depois você pensa em um namoro. Mas parem de tanto imediatismo até nisso.
Se eu tivesse conversado mais umas duas ou três semanas com esse rapaz, eu nunca entraria nisso. Eu nem o conhecia quando disse sim. E eu me arrependo amargamente pois foram dores de cabeças desnecessárias. E eu realmente gostaria de ter voltado atrás. Mas aprendi muito sobre o que chamam de relacionamento abusivo. Mesmo que tenha sido pouco tempo, ele devasta uma pessoa.
O Tinder deu certo pra muita gente que conheço. Pra mim? Ainda não. Mas não tenho mais esperanças nisso. Estou aí vivendo minha vida, fazendo minhas músicas, trabalhando em mim. Se for pra chegar, que chegue quando tiver que chegar. Devagar, sem pressa, sem me pedir em namoro no segundo encontro, gostando dos meus sanduíches de atum, aturando o fato de que vou falar com todos os gatos como se fossem bebês, que entendam que vou rir de qualquer coisa e que sou livre. E que se eu escolher ficar com ele, pode ter certeza que poderia escolher qualquer outra coisa, mas resolvi que é melhor fazer memória juntos.


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